terça-feira, 30 de junho de 2009

Um grande amor


A vida é tão difícil de ser encarada sozinha
São tantas as desilusões que passamos
E também tantas alegrias
E desperdiçar estes momentos sozinho
Não faz muito sentido, o homem não nasceu para ser só
Isto nos faz ver que precisamos de alguém ao nosso lado
Para compartilharmos, para amarmos, para sonharmos
A vida se torna muito vazia quando estamos sós
Por isto quero você sempre ao meu lado
O tempo não espera por ninguém ele corre
E não quero perder tempo com você longe de mim
Quero curtir cada momento contigo
Os bons e os maus, mas sempre ao seu lado
Você é quem me da força para continuar a andar para frente
Você é quem me faz pensar nas coisas boas que já passamos
Você talvez não saiba, mas te escolhi para ser meu companheiro nesta vida
E entregar meu coração, minha paz e minha alegria
Passaremos por esta vida da melhor forma possível
Eu a te cuidar e você a cuidar de mim e de nossos filhos
Talvez a vida não seja o mar de rosa que todos imaginam
Mas não pode ser pior do que estar sozinho
Se conseguirmos chegar a velhice juntos
Já seremos grandes vencedores
Tantos não tem e não tiveram esta oportunidade
Por isto posso me considerar uma privilegiada
Tive sim, grandes amores na vida e você é um deles.

postado por nó cego

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A Serenata


A serenata

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
De que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?

Sopro de Adélia Prado

Canção do Caminho



Canção do Caminho -


Por aqui vou sem programa,
sem rumo,
sem nenhum itinerário.

O destino de quem ama
é vário,
como o trajeto do fumo.

Minha canção vai comigo.
Vai doce.
Tão sereno é seu compasso
que penso em ti, meu amigo.
- Se fosse,
em vez da canção, teu braço!

Ah! Mas logo ali adiante
- tão perto! –
acaba-se a terra bela.
Para este pequeno instante,
decerto,
é melhor ir só com ela.

(Isso são coisas que digo,
que invento,
para achar a vida boa...
A canção que vai comigo
é a forma de esquecimento
do sonho sonhado à toa...)

*** Cecília Meireles

Viagem ao Vento


Se pudesse ser o vento, viajaria agora ao teu encontro. Te buscava por todos os cantos. E ao te encontrar, acariciava teu rosto com leve brisa, depois, mais forte, atravessava tuas vestes, para alcançar tua pele, e deixar em ti, o frio da minha ausência. Só então seguiria viagem, Até adormecer solitária em qualquer (c)(m)anto.

Ophelia - John William Waterhouse - 1905

Enquanto Maio...Poesia



***
I

Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia.

Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento
Um sol de diamante alimentando o ventre.
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.

Te descobres vivo sob um jugo novo.
Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza.


[Prelúdios - intensos para os desmemoriados do amor – Poema I- Enquanto Maio...Poesia de Hilda Hilst}

VERTIGEM EM SONHO...



***

Sentada, em algum lugar qualquer, a sensação que tenho é que a luz vai findar, o som da música irá sumir e todos os sentidos desaparecerão. A queda é inevitável, o abismo é profundo e toma o corpo desprevenido. Assim, flutuo numa descida vertical.

Resisto à queda tensionando meus músculos, deixando em alerta meus sentidos. Passado o primeiro momento de surpresa, relaxo e me deixo levar pela leveza do vácuo e pelo inusitado da situação. Aproveito a viagem em queda livre e ouso lembrar de ti, sentindo tua presença ao meu lado. Logo, tua imagem é física e sinto teus abraços e o carinho que me toca em ondas, vejo teu rosto que me sorri e teu corpo que se oferece ao meu. O voo segue, e é uma espécie de desmaio o que sinto, só não distingo se é da queda ou do cheiro que se desprende do teu corpo que me acompanha nessa alucinante vertigem.

Não se diferencia mais prazer e medo. Meu cérebro só registra teu cheiro e teu calor. Há em mim um prazer inusitado, sem medida e navego no ar. A queda diminui até estancar definitivamente e tenho a certeza que isso não foi ilusão. Mas minhas pálpebras se abrem buscando ao redor sinais de ti e da tua perplexidade, ao olhar meus olhos iluminados da viagem e úmidos por saber que os sonhos nem sempre são possíveis (de realizar!)...

DEPRESSA,UMA NAVE VEM SURGINDO



Depressa!
Uma nave vem surgindo!
Naquela seta, ou será naquela árvore?
...
Não é uma nave.
é uma Lua, um satélite,
um Ser Órfão em busca de companhia.
...
Me dá teu brilho
e me entrego por ti.
Sou nave no céu da tua existência.
Céu infinitamente azul ou negro.
A cor não importa, face prata,
corrida, procura, desilusão.
...
Também sou só,
Me encontro, te cobre,
Me alimenta.
...
Um Deus, um Poeta,
que espreita teu corpo,
Se lava no meu,
Se compadece e endoidece.
...
Na tua imagem me envaideço
Te capturo, e presa, sonhas
os sonhos de todos, comigo,
em mim.
Mas te liberto, não sufoco teu brilho.
Te liberto para alcançar minha liberdade,
meu desejo.
...
Encontrarás um Sol,
e me trarás um Astro.
De longe te encontro, por fases,
por ciclos.
No cosmo, um amor completo,
irreal e brilhante.
Navego sempre, contigo,
em ti,

a nave,
o abrigo estelar...

***

quinta-feira, 25 de junho de 2009

0 JARDIM SECRETO DE CADA UM...



O jardim secreto de cada um...


© Letícia Thompson

Há dentro de todos nós essa necessidade de ter em algum lugar nosso jardim secreto, não onde vamos confinar nossos segredos, mas onde podemos ter um encontro real e exclusivo conosco.

Umas pessoas sentem mais essa necessidade que outras, mas estar consigo de vez em quando, interiorizar-se, colocar ordem nos pensamentos ou simplesmente abandonar-se, é vital ao equilíbrio de todos nós.

Em todo relacionamento onde o amor existe, esse espaço deve ser conservado como o limite de cada um. Os relacionamentos fusionais que ultrapassam essas barreiras acabam por destruir-se, pois amar é também respeitar que a outra pessoa tenha seu recanto, seus pensamentos e, por que não, seus próprios amigos, próprias idéias e sonhos.

As pessoas não precisam estar juntas cem por cento do tempo para provarem que se amam. Elas se amam por que se amam e pronto. Dar ao outro um pouco de espaço, um pouco de ar para respirar, é dar-lhe também a oportunidade de sentir falta de estar junto. E isso vale tanto para os amores como para as amizades.

As cobranças intermináveis, resultados de carências afetivas, acabam por sufocar a outra parte e cria na que pede, espera, implora, ansiedades que a tornarão infeliz, pois ela verá como desamor qualquer gesto que não corresponda ao que espera.

Amar é deixar o outro livre para ficar ou para se retirar. É respeitar seu silêncio e seu desejo de solitude. E é deixá-lo livre para ir e voltar quando o coração pedir, que isso seja numa cidade ou dentro de uma casa.

Nada impede que um grande e lindo jardim seja construído juntos e que de mãos dadas se passeie por ele, com o peito cheio de felicidade e a cabeça cheia de sonhos... mas ainda assim, o jardim secreto de cada um deve ser mantido como lugar único e que vai, no fim das contas, enriquecer as relações.

AMOR OU PAIXÃO?"EU TE AMO!"


Amor ou paixão?“Eu te amo!”

Quantas vezes você fez essa declaração? Algumas, com certeza. Porém, em muitas delas você deveria dizer: “eu estou apaixonada(o) por você”, porque amor e paixão não têm o mesmo significado. Existe uma grande diferença entre um sentimento e outro.

O amor é um longo aprendizado, progressivo e duradouro, onde cada um procura dar significado, cor e intensidade à vida do outro e se ajusta como peças de um quebra cabeça, sem arestas, no decorrer dos anos. É como uma dança mágica, cujos passos vão se harmonizando, até encontrarem a coreografia perfeita. O amor é generoso, é cúmplice, é tolerante, nos deixa seguros e confiantes. Quem ama perdoa e aceita os defeitos do outro. O amor vence obstáculos e não teme distâncias.

O amor é como uma brisa suave que só nos faz bem e nasce na alma e no coração.

Já, a paixão é coisa de nervos e pele. É taquicardia e tremor de pernas. É posse e tesão. É furacão e tempestade. É efêmera e imediatista. Não suporta esperas e nem distâncias. É dúvida e nunca certeza. É cheia de conflitos, explosões, picos e vales, amanheceres e poentes, e quase nenhum tempo de paz.
É céu e inferno e, de vez em quando, entre um e outro, o purgatório...
Enfim, o amor caminha sobre terreno sólido e a paixão se equilibra sobre areias movediças.

Se o amor é quase utópico e raro de ser encontrado, a paixão é bem real e está sempre à espreita e pode nos atacar a qualquer hora, enquanto estamos distraídos.

Afinal, você ama ou só está apaixonada(o)? O que prefere para sua vida? A calmaria de um amor verdadeiro ou a adrenalina das paixões avassaladoras e passageiras?

Bom mesmo seria poder se apaixonar, todos os dias, pelo mesmo “amor de sempre”.


tudo que é demais
me assusta me apavora
mas se o medo me come
a paixão me devora
então não tenho escolha
fecho os olhos e me jogo
inteira em seu colo.


se eu chorar me consola?

TEMPO DE NOS DOIS


Tempo de nós dois

Existe no tempo
um lugar indefinido
entre mim e o infinito
que liberta sonhos ocultos
de saudades sem cores

Promessas feitas de esperas
desfolham a solidão
dos dias que amadurecem
enraizando a emoção
que sobrepõe a mente e o coração

Tenho Saudade Do Tempo



Alegrias antigas

Tenho saudade do tempo
em que as verdades eram ditas
que podia ser franca
sem prantos provocar

Sinto falta dos momentos sinceros
quando servi de suporte
aos soluços abruptos

Queria ter a ilusão
transfigurada em realidade,
a perfeição incompleta
transformando traços soltos
em figuras perfeitas.

escrito-Conceição Bentes-