quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Há palavras que nos beijam


Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármores distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
No silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O’Neill

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